JÚLIA
Maria Letras sopa-de-letras
O olhar fixo num ponto inexistente
Tremem os dedos na mão fechada
Por onde andará vagueando a mente
Do que outrora foste, pouco resta ou nada
Que tristeza me dá de te ver assim
Sei que me escutas e sabes quem sou
Mas não sorris nem te abraças a mim
Como era nos tempos que o tempo levou
Minha Júlia querida, minha querida tia
Que mulher tu foste, que a vida apagou
Ao olhar-te hoje, quem é que diria
Que giravas o mundo que agora parou
Calou-se a voz que me acarinhava
Já pouco se ouve e muito baixinho
E o teu olhar que dantes brilhava
Parece ausente, perdido, sózinho
Quem dera eu pudesse trazer-te de volta
Devolver-te o teu eu feito de alegria
Prender a saudade que aqui anda à solta
Da mulher que eras, minha querida tia
Maria Letras, PT 15.04.2023