O AÇÚCAR E O CINTO
Maria Letras sopa-de-letras
Naquele monte branquinho
De igreja caiada ao lado,
Havia a horta e um burrinho
E a vida cheirava a fado
De tão cruel, a desdita,
Dois maridos lhe levou
Mas teve a graça bendita
Dos filhos com que ficou
Eram onze e em escadinha
Tantos para alimentar
Por mais que doesse, tinha
Que a comida racionar
Certa vez, na sua ausência
O açúcar não escapou
Era tão grande a carência
Que o grupinho o atacou
Porém, como a mãe tardava
O medo veio de mansinho
E o cinto que ela usava
Ameaçava o grupinho
Veio então a grande ideia
Acreditem não vos minto
Pegaram enxada e candeia
E foram enterrar o cinto
Mas pior foi a emenda
Que o soneto, diz o povo
Quantos dias sem merenda ?!
Ou viria um cinto novo ?!
Cansada a mãe lá chegou
E ao preparar a refeição
Vê que o açucar acabou
E reune o grupo então
O resto já se adivinha...
Tiveram que desenterrar
O cinto da sua mãezinha
Para com ele apanhar
Maria Letras, UK
19.10.2021