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POETA É O POVO

POESIA

POETA É O POVO

POESIA

Seven Seas Radio
29
Jan21

O FADO E O CANTE


Maria Letras sopa-de-letras

No meu bairro pobrezinho
De ruas de terra batida
Sem ter luxo nem vaidade
Havia em cada vizinho
Um amigo para a vida
Com respeito e lealdade

Casas baixinhas caiadas
Chaminés lareira acesa
Eram o nosso conforto
Ao serão as gargalhadas
São já hoje concerteza
Cenas dum passado morto

No verão, grande calor
Que as casas acumulavam
Entre a parede branquinha
Depois do sol se pôr
Os vizinhos se juntavam
À porta pela fresquinha

Ali se desenrolavam
Histórias mirabolantes
De bruxas e do lobisomem
E os garotos ansiavam
Por esses contos vibrantes
Que no tempo se consomem

Lá muito longe Lisboa
Cada bairro tão ufano
Tão orgulhosa do fado
Mas no meu bairro o que soa
É o cante alentejano
Por todos nós entoado

Tanto o fado como o cante
São arte são tradição
Património mundial
E eu sinto mesmo distante
Brilhar no meu coração
Essas paredes de cal

Maria Letras, UK
29.01.2021

29
Jan21

FOSTE O FADO MAIS CANTADO


Maria Letras sopa-de-letras

 

Foste o fado mais cantado
Na minha alma encantada
Quando a vida era ilusão
Mas o encanto é passado
A ilusão hoje é nada
E os sonhos já nada são

Tiveste na mão o mundo
E a força daquele amor
Capaz de galgar serranias
Se não fosse vagabundo
Esse coração traidor
Tu hoje não sofrerias

Tens a vida que quiseste
Bem longe do meu olhar
Bem longe do meu sentir
É a vida que escolheste
Eu não te quero acusar
E muito menos punir

Que te faça bom proveito
Eu por mim não quero saber
Se a vida te é boa ou má
Eu tenho amor a meu jeito
Vivo a vida com prazer
E aceito o que ela me dá

Mas não esqueças meu amor
Que não é uma pera doce
Nossa breve caminhada
Vem a morte esse pavor
Era bom que assim não fosse
Nós somos pó e mais nada

Maria Letras,UK
29.01.2021

16
Jan21

PASSO NA VIDA A CANTAR


Maria Letras sopa-de-letras

Passo na vida a cantar
Vivo a vida alegremente
Cantar é nunca calar
A mágoa que o peito sente

Canto ao amor porque sinto
Que o amor é dom divino
Que se escapa ao labirinto
Das maldades do destino

Se a saudade não doesse
Queria viver de saudade
Talvez assim eu pudesse
Voltar atrás na idade

Por tudo o que a vida dá
Devemos agradecer
Se a desdita é boa ou má
Só Deus o pode saber

Para que quero eu viver
Para que quero cá andar
Se não puder até morrer
Andar na vida a cantar

Maria Letras, UK
16.01.2021

16
Jan21

AMOR DE RAPAZ


Maria Letras sopa-de-letras

Tenho saudade do meu tempo de rapaz
Daquele jovem audaz
Que te amava ardentemente
Tenho saudade desse tempo de quimera
Em que eu estava à tua espera
Como de Deus está o crente

Tenho saudade da perdida mocidade
Quando eu te amava à vontade
Sem uma réstia de pudor
Tenho saudade daquela vida de outrora
Em que dentro de uma hora
Cabia o meu grande amor

Ó meu amor quem me dera
Ver os teus olhos brilhar
Ver de novo a Primavera
No teu cabelo a brincar
Ver tua pele de jasmim
Sentir-lhe de novo o cheiro
Teu rosto a sorrir p'ra mim
E beijar teu corpo inteiro

Maria Letras,UK
16.01.2021

(para a musica do fado Meu Amor Marinheiro)

 

 

 

15
Jan21

QUEM DERA VÁ COM O TEMPO


Maria Letras sopa-de-letras

Pouco a pouco sem notar
Cada qual fecha-se em si
Anda a alma a perguntar
Ao rosto porque não ri

Sirenes constantemente
Nas ruas desta cidade
A lembrar a toda a gente
Que é dura a realidade

São saudades dos amigos
São as saudades dos nossos
Beijos e abraços perdidos
Por entre os nossos destroços

Há uma vontade infinita
De abraçar e proteger
Lutando contra a desdita
De não o poder fazer

Quem dera vá com o vento
P'ra bem longe o pesadelo
Se esfume o nosso lamento
Seja ouvido o nosso apelo

Maria Letras, UK
14.01.2021

15
Jan21

FADO VIDA AMOR SAUDADE


Maria Letras sopa-de-letras

 

Se o meu fado é ser fadista
Quem sou eu p'ra contestar
Não pretendo ser artista
Mas canto o fado a brincar

Na vida que Deus me deu
Sempre fui homem de bem
Conquistei tudo o que é meu
Sem pisar sobre ninguém

Sempre que o amor surgiu
Coração deu-lhe guarida
Ele então não mais fugiu
Anda a meu lado na vida

Dizem que a saudade é triste
Não creio que seja assim
Se o passado em mim existe
É porque há saudade em mim

Maria Letras, UK
15.01.2021

 

 

14
Jan21

O MEU SONHO


Maria Letras sopa-de-letras

Certa noite tive um sonho
Sonho bom e tão real
Estrelas eram guitarras
Sob os céus de Portugal

Milhares de mãos a tocar
E as guitarras em pranto
Faziam chover na terra
A magia do seu canto

Os anjos silenciosos
Escutavam com fervor
Sentado no meio dos anjos
Estava Nosso Senhor

Acordei então do sonho
Contente de o ter sonhado
Não tenham medo da morte
Que no céu também há fado

Maria Letras, UK
14.01.2021

14
Jan21

NOBRE GALEGA


Maria Letras sopa-de-letras

NOBRE GALEGA

Em tempos que já lá vão
No Reino de Portugal
Triste história se passou
E o povo todo chorou
Tão dramático final

Acompanhando Constança
Que casou com nosso Infante
Veio Inês nobre galega
Que logo a Pedro se apega
E se torna sua amante

Quatro filhinhos tiveram
Por um louco amor gerados
Mas El-rei não está contente
Afasta o filho e consente
Que a matem seus aliados

Chorou lágrimas de sangue
Dom Pedro por dona Inês
Perseguiu os assassinos
Legítimou os meninos
E foi um rei português

Maria Letras, UK
14.01.2021

12
Jan21

PRENDAM-ME AS MADRUGADAS


Maria Letras sopa-de-letras

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Madrugadas soltas
Deambulando pelos recantos
A instabilidade devorando a vida

A mente dando voltas
Mais não acha do que prantos
E a tal luz do horizonte tão enfraqecida

Esse mundo lindo
Em que todos já vivemos
Era outrora o nosso paraíso

Nele a noite fria foi caindo
É escuro o céu que agora temos
Apagaram-se as estrelas e o sorriso

Prendam-me as madrugadas
Amarrem -me, por favor, a emoção
Não deixem que se escape o pessimismo

Andam as dores embaralhadas
Não se acalma de tão triste o coração
Ajudem a espalhar o altruismo

É preciso descansar
O nosso ser precisa do descanso
É bom ter-te ao meu lado meu amor

Ver-te assim em paz a repousar
É sentir o vento agreste a ficar manso
É transformar em calma este pavor

Maria Letras, UK
12.01.2021

10
Jan21

A VIDA EM " STANDBY MODE "


Maria Letras sopa-de-letras

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Andávamos tão ocupados

Com os olhos no futuro

Preocupados com tudo

E agora estamos trancados

Dentro dum gigante muro

Sob um céu que é surdo-mudo

 

Tantos já foram caçados

Pelo virús dos desafectos

Literalmente falando

Vão embora amedrontados

Sem dizer adeus aos netos

Nem a quem fica chorando

 

 

Nem ao menos na mortalha

Lhes é concedido o direito

De serem acompanhados

 

São levados como tralha

Deixando um rombo no peito

Daqueles por quem são amados

 

 

É o vírus da maldição

Ou talvez seja o castigo

De todos os desatinos

 

Que proibe a afeição

E não nos deixa dar abrigo

Nem mesmo ao dobrar dos sinos

 

 

De repente pára o mundo

Nada mais é como era

Anda o coração nas mãos

 

Um sofrimento profundo

Quem espera desespera

Para abraçar seus irmãos

 

 

Se ao menos isto servisse

Pra raça humana aprender

A ser grata e a respeitar

 

Talvez o futuro sorrisse

E em cada amanhecer

Voltasse o sol a brilhar

 

Por hora nada se sabe

Aguardamos ansiosos

Enquanto o mundo se esvai

 

Esperamos que isto acabe

Temos os dias penosos

E a vida em standby

 

 

Maria Letras, UK

10.01.2021

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