NATAL
Maria Letras sopa-de-letras
Num mundo tao desigual
Onde a ganancia impera
P'ra que celebrar o natal
Se nao passa de quimera?
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Maria Letras sopa-de-letras
Num mundo tao desigual
Onde a ganancia impera
P'ra que celebrar o natal
Se nao passa de quimera?
Maria Letras sopa-de-letras
Escuta
Quando leres um poema
Não te limites a dizer que as palavras
são
belas
E delas sais contente, sentindo-te mais rico
e menos só.
Atrás de
cada frase há por vezes muito sangue
sofrimento,
Ou alegria, ou amor, ou
desespero,
Ou qualquer outro sentimento humano
dos mais fortes.
Quando
escrevemos, não inventamos tudo.
Mesmo se em vez de dizermos eu, dizemos
outro nome:
João, Pedro, Maria, ou simplesmente tu.
Eugénia Cunhal
in «As Mãos e os Gestos» - Editorial Escritor
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"ESTUDANTES"
DE FLORBELA ESPANCA
Porque me é impossível acabar hoje, como era minha pretensão, o último texto sobre Florbela Espanca, por estar acometido de forte gripada, febre e muitos arrepios de frio, não quero deixar passar este dia sem aqui marcar presença, revelando um soneto que ela dedicou aos seus antigos colegas, alguns anos depois de ter deixado o nosso Liceu e que tão mal conhecido é. Aí vai então
Colegas do passado! Em vossas capas belas
Agoniza o luar das minhas ilusões...
Cantando brandamente a um filho das estrelas
Um canto todo meu! Altivos corações,
Brilhantes olhos lindos,almas só de luz.
Ó doce riso em flor, bendita mocidade!
Eu lanço sobre nós, da humilde cruz
A bênção sacrossanta ungida da saudade.
Andorinhas do céu que o vento da desgraça
leva para longe! A amargorosa taça
do fel, da desdita, fica para mim somente.
Aonde estareis vós, agora, amigos do outrora,
Rindo, talvez cantando enquanto est'alma chora
Rezando enternecida esta oração dolente!...
Estarás para sempre nos nossos corações,
colega Florbela Espanca
Maria Letras sopa-de-letras
Maria Letras sopa-de-letras
Quando o sol se apaga
E o luar nao se acende
Desce o manto negro
Abafando a solidao
Envolvendo a angustia
Soltam-se da alma
Gemidos esvoacantes
Como penas de gaivota
Atingida em pleno voo
Sem a luz do sol
Nao se pode ver o ceu
Sem a luz do luar
Nao se podem ver as estrelas
by Maria Letras
Maria Letras sopa-de-letras
- As árvores, meu filho, não têm alma!
E esta árvore me serve de empecilho…
É preciso cortá-la, pois, meu filho,
Para que eu tenha uma velhice calma!
- Meu pai, por que sua ira não se acalma?!
Não vê que em tudo existe o mesmo brilho?!
Deus pôs almas nos cedros… no junquilho…
Esta árvore, meu pai, possui minha’alma!…
- Disse - e ajoelhou-se, numa rogativa:
“Não mate a árvore, pai, para que eu viva!”
E quando a árvore, olhando a pátria serra,
Caiu aos golpes do machado bronco,
O moço triste se abraçou com o tronco
E nunca mais se levantou da terra!
A Árvore da Serra, Augusto dos Anjos
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Hoje nao venhas bater-me `a porta
Nao venhas interrogar o meu olhar
Tenho a alma rastejando quase morta
Buscando algo que a ajude a levantar
Hoje nao venhas falar de amor
Ha chagas abertas no meu coracao
Nao pises, distraido, sobre a dor
Que doi e se contorse em tua mao
Hoje nao, amor da minha vida
Hoje nao sou tua , nem de ninguem
Sou apenas uma sombra perdida
Esperando o milagre que nao vem
Abro os bracos ao universo
Pedindo sua ajuda e proteccao
Que a dor expressa neste verso
Possa enfim, chamar sua atencao
Nao sei se hei-de viver ou morrer
Igual peso nos pratos da balanca
Vivendo, morro por te nao ter
Morrendo, vivo na tua lembranca
Hoje, nao toques a campainha
Quero viajar ao fundo de mim
Penetrar nesta dor apenas minha
Perpetua-la,........... ou de uma vez por todas, .......dar-lhe um fim.
BL
Maria Letras sopa-de-letras
As vezes doi-me o peito
Do lado do coracao
Por causa deste jeito
De nao ouvir a razao
E vou lutando comigo
Sem ser capaz de vencer
Escondida em meu abrigo
Torturando este meu ser
As vezes odeio o mundo
E a sua perversidade
E outras ate confundo
Sacanagem com bondade
E fecho-me dentro de mim
E deixo de ver o ceu
Ate que um dia , por fim
Volto outra vez a ser eu.
BL
Maria Letras sopa-de-letras
Mê avô era abegão
Mê pai era fêtori
Lutando pelo sê pão
Á chuva e ó calori
Nasci no monte da Caêra
No sítio onde fui gerada
Sou filha duma cefêra
Sou neta da Ti Bernarda
Quiseram dar-me ó nasceri
O nome de Liberdadi
Mas isso nã pôde seri
Por regras da sociedadi
Tudo era censurado
E a palavra era perigosa
E o mê padrinho, zangado
Nã quis saber de mais prosa
A madrinha atarantada
Sem nada mais lhe ocorreri
Lá chamou então Bernarda
Aquele pequeno seri
D'avó herdei sem quereri
E da outra qu'herdaria?
Nã há muito que saberi
Sê lindo nomi Maria
Mas certo dia um pastori
Olhando p'ra criancinha
Disse,
Que nomi feio, que horrori
A partir de hoje, és Nádinha.
BL
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As dores que trago no peito
So eu as posso sentir
Nao acho quando me deito
Ninguem com quem repartir
As lagrimas para secar
E ninguem aqui por perto
Nem p'ra me acompanhar
Quando atravesso o deserto
Como pode alguem falar
Daquilo que desconhece
Se nao esta ca p'ra chorar
Quando o meu dia alvorece
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