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POETA É O POVO

POESIA

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POESIA

Seven Seas Radio
01
Set23

BOM DIA SETEMBRO


Maria Letras sopa-de-letras

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Bom dia senhor Setembro
Ainda bem que voltou
Mais velho se bem me lembro
E mais velha me encontrou

Então como é que se sente
Depois de um ano por lá ?
Por aqui ainda anda a gente
Um bocado ao Deus dará

Os virús mudam de " cor "
Não obedecem ao homem
E nós andamos ao sabor
Destas gripes que não somem

A guerra nunca mais pára
As mortes somam e seguem
Empatia é coisa rara
As aldrabices já fedem

Que saudade tenho, amigo
Do teu cheiro de prazer
De quando andava contigo
A saltar e a correr

O Outubro já lá vinha
Com ele o regresso à escola
E como triste avezinha
Lá iamos para a gaiola

Descansavamos do quente
Sufocante mês de Agosto
Tu Setembro eras diferente
Muito mais a nosso gosto

Maria Letras, UK 01.09.2023

15
Abr23

JÚLIA


Maria Letras sopa-de-letras

 


O olhar fixo num ponto inexistente
Tremem os dedos na mão fechada
Por onde andará vagueando a mente
Do que outrora foste, pouco resta ou nada

Que tristeza me dá de te ver assim
Sei que me escutas e sabes quem sou
Mas não sorris nem te abraças a mim
Como era nos tempos que o tempo levou

Minha Júlia querida, minha querida tia
Que mulher tu foste, que a vida apagou
Ao olhar-te hoje, quem é que diria
Que giravas o mundo que agora parou

Calou-se a voz que me acarinhava
Já pouco se ouve e muito baixinho
E o teu olhar que dantes brilhava
Parece ausente, perdido, sózinho

Quem dera eu pudesse trazer-te de volta
Devolver-te o teu eu feito de alegria
Prender a saudade que aqui anda à solta
Da mulher que eras, minha querida tia

Maria Letras, PT 15.04.2023

21
Mar23

PRIMAVERA 2023


Maria Letras sopa-de-letras

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Vem sem pressa e lírica a Primavera
Ao peito a enfeitar traz as flores
Os sonhos germinados na quimera
Esvoaçando ao Deus dará verdes amores

Passarinhos chilreando ao despertar
Atarefados vão em busca de um raminho
Assim passam todo o dia a trabalhar
Até verem completo o doce ninho

Aqui na terra cada alma vai sonhando
Que se vão com o Inverno as nossas dores
Que a mandar na Terra anda outro bando
Mas não é de pardais...são ditadores!

Maria Letras, UK
20.03.2023

08
Mar23

PEÇA RARA DE CRISTAL


Maria Letras sopa-de-letras

Delicada florzinha

Pétalas aveludadas

Da cor mais bela que existe

Quantas vezes vais sózinha

Desbravando madrugadas

No rosto um sorriso triste

 

Que simples seria a vida

Se todos fossem assim

Amando só por amar

Existência florida

O mundo seria um jardim

Plantado à beira mar

 

Quem te olha não diria

A força de que és talhada

Capaz de mudar marés

Enfrentando cada dia

Quantas vezes maltratada

Mas que rochedo tu és !

 

O teu ar adocicado

Não é sinal de fraqueza

É o teu ar natural

És a aragem no prado

És força da natureza

Peça rara de cristal

 

E neste mundo de loucos

Consciente do teu papel

Vives e deixas viver

Vais fazendo ouvidos moucos

Neste estranho carrocel

Que GRANDE tu és mulher !!!

 

08.03.2023, Dia Internacional Da Mulher

Maria Letras, UK

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25
Jan23

A VIDA É AGORA


Maria Letras sopa-de-letras

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Passaram-se os anos
Tudo em nós já mudou.
E aquela vida
Sã e divertida
Por onde foi que ficou?

Havia alegria
Emoção, amizade.
E hoje no peito
Repousa no leito
Velhinha a saudade

Não sou já quem eu era.
Falta a juventude
Que nos dá o poder
De nas mãos deter
O mundo a saúde

Parabéns meu amigo
Meu irmão de outrora,
Goza bem a vida
Vamos de saída
A vida é agora!

(ao meu amigo de longa data, o guitarrista Manuel Magno, em dia de aniversário)

Maria Letras, UK
25.01.2023

21
Jan23

MONTE DA CAEIRA


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Aqui nasceu Bernarda Maria Valente Letras , no ultimo dia do ano de 1954.
Naquela janela namoraram o pai e a mae, e os tios e as tias.
Era a casa da avo Bernarda e do avo Armenio.
De cada lado da porta havia uma pedra redonda, enorme, com um buraco no meio. Duas mos de moinho que serviam de banco e de mesa para os pequenitos. Nao deviam te-las tirado de la...eram parte integra do monte.
Ai janela janelinha
De onde se espreita o luar
Onde ao domingo `a tardinha
Eles vinham namorar
Janelinha encantadora
Se tu pudesses falar
Contarias vida fora
Quantos beijos viste dar
MVL 21.01.2017
16
Jan23

O DESABAFO


Maria Letras sopa-de-letras

 

Era noite. Mais escura do que breu.
A sua pele, doce e negra deslizava
Como pétala de rosa aveludada
Sobre o corpo carente, todo seu
Que ébrio de volúpia delirava
Em ondas de agonia adivinhada

Se Deus os fez, Deus os juntou
Macho e fêmea em comunhão
Desejando alcançar o paraíso
Mas dessa longa noite o que ficou
Foi algo que tocou o coração
Muito mais do que o corpo sem juízo

Corpos saciados e em repouso
O seu rosto negro sobre os seios nus
Derramava as palavras lentamente
Num desabafo triste e doloroso
Por momentos, pousou a sua cruz
E ali se confessava como um crente

Filhos de pai branco e de mãe preta
Ele e a irmã foram felizes
Nessa África que os viu nascer
Mas a vida é um jogo de roleta
Veio o dia em que, sendo ainda petizes,
Entre pai e mãe tiveram que escolher

A lágrima quente rolou no peito dela
E soltou-se, num soluço, essa verdade
Que escondia bem no fundo do seu ser
Nem o mais triste enredo de novela
Poderia mostrar tanta saudade
Tanto remorso, tanta dor, tanto sofrer

-Ficou lá! Deixámos lá a minha mãe!
Embarcamos com o pai para Lisboa
Fugimos e não a pudemos trazer.
Não sei se está mal ou se está bem
Dentro de mim o seu pranto ainda ecoa
E carrego esta culpa até morrer!

Maria Letras, UK
16.01.2023

07
Jan23

PÃO NA MESA


Maria Letras sopa-de-letras

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Neste jogo que é a vida
Cada qual faz o que pode
Mas se anda a vida perdida
Ai senhor quem nos acode

Damos voltas e mais voltas
Sem saírmos do lugar
Gira o mundo a velas soltas
Em permanente girar

P'ró governo vai o esperto
P'ra se poder governar
Enquanto não é descoberto
Ganha mais que a trabalhar

O honesto não se safa
Não passa da cepa torta
Vencido lá desabafa
Sou honesto, é o que importa

Sucedem-se assim os dias
Numa constante incerteza
Que venham as alegrias
E não falte o pão na mesa

Maria Letras, UK 07.01.2023

27
Dez22

MISSÃO OU CASTIGO


Maria Letras sopa-de-letras

MISSÃO OU CASTIGO.jpg


Triste sina esta que eu tenho
Que me faz andar na vida
Sempre a sofrer por alguém
É assim desde que eu venho
Por acidente, nascida
Do ventre de minha mãe

Chego a pensar que é missão
Que me traz a este mundo
Ter sempre alguém p'ra cuidar
Para que o meu coração
Qual triste vagabundo
Se não perca a vaguear

Ou talvez seja o castigo
Por me ter aventurado
A nascer sem ser chamada
Não olhar p'ró próprio umbigo
Mas procurar p'ra meu lado
Gente para ser cuidada

Cada qual é p'ró que nasce
Todos temos nossa sina
Seja ela boa ou má
A nuvem grande desfaz-se
Quando o sol a ilumina
Quando ela ao sol se dá

Nesta peregrinação
Desconhecendo o destino
Todos vamos caminhando
Uns vivendo de ilusão
Outros com fé no Divino
Sua estrada vão pisando

E se esse traidor, o amor
Dos momentos mais incríveis
Nossas vidas catalisa
Pois saibam que é bem melhor
Em vez de amar impossíveis
Amarmos a quem precisa

Maria Letras, UK
27.12.2022

26
Dez22

NOITES LONGAS


Maria Letras sopa-de-letras

NOITES LONGAS.jpg

Três horas da madrugada
Cá estou a sós com a vida
Nós as duas frente a frente
Respondo-lhe amedrontada,
Ao perguntar se ando perdida,
-Os medos não são p'rá gente

Porque não dormes então?
Insiste, e eu não lhe ligo
Não me apetece pensar
Mas pulsa o meu coração
Vai dizendo o que eu não digo
E aos poucos me anda a matar

Repito, não tenho medo!
Para tudo nesta vida
Tenho que estar preparada
Vou-te contar um segredo
Sou valente e destemida
Não tenho medo de nada

Nós duas por tantos anos
Enfrentando os temporais
As travessias do deserto
Roupas rasgadas cá vamos
Já nem os pés sangram mais
Tudo tão longe e tão perto

Ai o sono que não vem
E eu aqui de olhos abertos
Onde anda o desgraçado?!
E tu? Larga-me também!
Que é de momentos incertos
Que se compõe o meu fado !

Maria Letras, UK
26.12.2022

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